Como faço para vender minha ideia de aplicativo?

Como faço para vender minha ideia de aplicativo? Primeiro ponto: não tem como vender ideia. Você não vai conseguir. O único jeito seria encontrar uma pessoa desavisada que acha que vale a pena pagar por essa ideia. Geralmente, a ideia não tem valor. Se tivesse, existiriam marketplaces para você comprar e vender ideias.

Segundo ponto: não tem, também, como proteger uma ideia. Às vezes a pessoa pensa que vai patentear a ideia, mas não tem como patentear a ideia. A patente, no Brasil e na maior parte dos países, funciona para produtos, invenções, novos processos industriais e por aí vai. Ideia não tem como patentear. Modelo de negócio também não tem como patentear.

Por exemplo: eu sou o Travis Kalanick (fundador do Uber) e tive a ideia de um aplicativo que vai conectar passageiros diretamente com motoristas particulares, porque quero revolucionar a indústria dos transportes. Vou lá patentear o modelo de negócio — não tem como. Tanto que surgiram inúmeros clones do Uber, com maior ou menor sucesso. O Lyft talvez seja o maior deles, se não me engano uma empresa de capital aberto. No Brasil tivemos também o 99.

Então o modelo de negócio, não dá para proteger. E na minha opinião, é justo que seja assim. Tem que ser aberto mesmo. A sociedade ganha com isso, porque imagina se fosse fechado? A pessoa registraria uma ideia ou um modelo de negócio, mas não teria a capacidade para executar ou acha que aquilo vale bilhões, então ficaria travado e outros empreendedores que conseguiriam executar aquilo e gerar valor não poderiam fazer. Todo mundo sairia perdendo. Então é justo que o mercado seja aberto e que ideias possam ser copiadas, e que se possa fazer uma empresa com o mesmo modelo de outra empresa. O que não se pode copiar é design, marca registrada, código. Isso sim precisa ser proibido, mas ideias precisam circular livremente.

Por que ideia não tem valor? Porque o que conta é a execução. Raramente a ideia inicial da empresa ou startup é a que acaba sendo o produto em si. É inevitável lançar com algumas premissas e depois de ter contato com os clientes, com o mercado, mudar isso. São raríssimos os casos em que a ideia inicial dos empreendedores foi exatamente o que deu certo. Na maioria das vezes, as mudanças são até drásticas. Você começa em uma direção, mas precisa começar a seguir outra, porque é ali que está o dinheiro, é ali que o cliente está com uma dor maior.

Um exemplo que me vem à cabeça é o PayPal, que passou por quatro grandes mudanças até chegar no modelo que funcionou. No começo, era um sistema de pagamento para empresas, não funcionou. Só na quarta interação que eles pensaram em fazer o pagamento online com o e-mail sendo a carteira e a pessoa podendo pagar só com o e-mail da outra. Eles lançaram, não estava indo tão bem mesmo com essa última interação, e viram que tinha muita gente do eBay usando isso, então focaram toda a empresa para atender só esse pessoal do eBay. Só então decolou. A partir daí começaram a expandir.

Ou seja, nem esse pessoal que é gênio consegue acertar de primeira, que dirá nós? Então a ideia por si só não tem valor. É execução. É você estar em contato com o cliente, lançar o produto, ver se está bom, mudar o produto, melhorar, dar o produto na mão do cliente de novo… É um processo até você chegar em algo que vai funcionar ou não.

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